Olá pessoal, depois
de muuuito tempo consegui voltar. Foram tantas mudanças, cidade, país, idioma que para evitar atrasos no tecer da vida tive que
deixar alguns prazeres de lado, entre eles o de escrever aqui. Decidi voltar
hoje porque é uma data muito especial, nosso pequeno cumpre 2 aninhos. Começamos
os preparativos para essa data tão significativa (afinal agora “ele” pagará seu
assento nas viagens de trem e avião, rs ) ensinando-o com quantos dedinhos ele
pode mostrar a sua idade.
- Quantos anos o Adam vai fazer? Essa foi a pergunta que mais fizemos nas últimas semanas e juntamente com a resposta mostrávamos o dedo indicador e médio, 2 anos ! Entretanto apesar de Adam comunicar-se mais e mais por meio de sinais ele parecia não entender a relação dos dedos com a pergunta que eu o fazia. Confesso que depois de uma semana de tentativa me senti um pouco frustrada, será que não estou motivando meu garoto o suficiente, será que deveria dedicar ainda mais tempo com atividades que desenvolvam seu cognitivo? Entretanto, apesar disso não desistimos (nunca o fazemos) e todos os dias repetíamos a pergunta e o sinal. Ontem, véspera do seu aniversário, eu repeti uma vez mais, já preparada para não receber resposta, quando de repente o Adam me mostrou dois dedinhos, só que o indicador e o polegar em vez do dedo médio. Nessa hora percebi que ele havia entendido desde o princípio o que eu lhe pedia, o que lhe faltou foi coordenação motora para usar o dedo médio juntamente com o indicador, e foi com grande alegria que percebi como ele, apesar de não ter sido compreendido por mim, conseguiu se virar sozinho e encontrou uma maneira de mostrar-me que havia entendido.
Depois de dois anos em um mundo cheio de surpresas, penso que um dos maiores desafios em ser mãe de
uma criança com deficiência, e no meu caso mais especificamente com síndrome de Down, é o de encontrar o equilíbrio entre os momentos de estímulo e os momentos de pausa e reflexão. Às
vezes me pego tão preocupada em fazer com que Adam se desenvolva, seja
estimulado, não só nos aspectos físicos e de comunicação, como cognitivo também
que me esqueço de que ele é uma criança única e vai ter seu tempo de aprender, às
vezes quando pode, às vezes quando quer, como toda criança. Esse fato dos
dedinhos e também um e-mail da lista do yahoo da qual faço parte no qual um pai
disse que não espera que sua filha seja uma super down, mas sim feliz e plena,
me fizeram repensar muitos dos meus
propósitos desde que Adam nasceu. Não estaria eu querendo transformar meu
menino num super down? Não estaria exigindo demasiado, pensando que ele deveria
conseguir mais, em função de tanta estimulação? Não estaria eu esquecendo o
Adam indivíduo, em detrimento do Adam coletivo (dentro dos pares com
SD)?
Sempre acreditei que
a vida é um eterno aprendizado e nunca aprendi e revi tantos conceitos como nos
últimos anos. Certezas, atitudes, reações, opiniões, julgamentos, tudo isso vai
e vem e cada vez que voltam trazem uma pequena particularidade que eu não havia
percebido ou entendido antes. Se os primeiros dois anos do Adam meus esforços
foram em descobrir que tipo de mãe eu queria ser para meu filho, vejo que agora
com Adam entrando no seu terceiro ano de vida minha tarefa será descobrir o que
meu filho é, afinal ele já sabe dizer-me quando gosta ou não de algo e a cada
dia noto que, mais do que qualquer um de nós, ele sabe muito bem o quer.
Parabéns meu filho, que
Deus continue iluminando teu caminho. Papai e mamãe te amam.
“Se não houver
frutos, valeu a beleza das flores... se não houver flores, valeu a sombra das
folhas... se não houver folhas, valeu a intenção da semente”. Henfil
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