23 de out. de 2013

Um Novo Tempo!


Outro dia estava assistindo, no Programa Especial da TV Brasil, a uma entrevista com os pais da Fernanda Honorato, na qual eles relatavam como foi receber a notícia de que sua pequena, que acabara de nascer, tinha síndrome de Down. Eram os anos 80 e no Brasil quase nada se sabia sobre a síndrome, as poucas informações vinham de enciclopédias nas quais pessoas com SD eram ainda chamadas de mongoloides e vistas como seres desprovidos de qualquer capacidade intelectual. Quando leio ou assisto a depoimentos assim penso em como somos privilegiados, Adam nasceu em um novo tempo, tempo em que apesar da necessidade de muita luta ainda, ter uma criança com SD não significa ter que batalhar para obter informações sobre seu desenvolvimento, para ter médicos que saibam das particularidades de sua condição genética, de uma sociedade que pouco a pouco deixa de te ver como louco ou sonhador por querer que seu filho vá a uma escola, aprenda, tenha uma profissão, seja autônomo.
No passado a expectativa de vida de pessoas com SD era muito baixa, uma vez que pouco se sabia sobre a síndrome, doenças facilmente controladas e tratadas levavam as pessoas a viverem no máximo 20 anos. Tome-se, por exemplo, a disfunção da glândula da tireoide que pode causar o hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Hoje se sabe que pessoas com SD tem uma predisposição para o desenvolvimento de uma disfunção da tireoide, portanto logo ao nascer já são feitos exames que detectam alguma irregularidade de forma precoce, iniciando-se a reposição hormonal antes que ela possa causar problemas graves de saúde. Vale ressaltar que o hipotireoidismo neonatal tende a gerar alterações no desenvolvimento cerebral determinando uma deficiência mental permanente, portanto, se pessoas com T21 já possuem certa deficiência intelectual, as que nasciam com disfunção tireoidiana e não eram tratadas ainda tinham seu quadro de deficiência mais avançado ainda. Além disso, a disfunção da tireoide tem como consequência outras complicações de saúde, as quais em função da hipotonia muscular pessoas com SD têm uma maior tendência de desenvolver, tais como a constipação, o sobrepeso, a fatiga, complicações que aliadas a possíveis problemas cardíacos, também bastante comuns às pessoas com trissomia 21, resultavam nessa expectativa de vida tão baixa.
A partir da metade do século passado essa expectativa aumentou consideravelmente devido aos progressos na área da saúde principalmente da cirurgia cardíaca que era a principal causa de óbitos. O aumento da sobrevida e do entendimento das potencialidades das pessoas com síndrome de Down levou à elaboração de diferentes programas educacionais, com vistas à escolarização, ao futuro profissional, à autonomia e à qualidade de vida.
Mas os avanços científicos não param aí e a ciência mais e mais busca, por meio de estudos específicos e do rastreamento do DNA de pessoas com T21, descobrir tratamentos e a cura para certas doenças que atingem toda a população, como é o caso do Alzheimer, doença que afeta entre 24 e 37 milhões de pessoas em todo o mundo de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Por existir um paralelo entre o mal de Alzheimer precoce e a SD, pesquisadores estão conseguindo financiamento para suas investigações científicas e alguns resultados promissores já começam a surgir, como é o caso da recente descoberta da proteína SNX27, cuja carência, observada em ratos com SD e posteriormente em pessoas com a síndrome, pode explicar as dificuldades cognitivas de pessoas com T21 e também a possível causa do Alzheimer na comunidade em geral. O próximo passo será a busca de substâncias que possam aumentar a produção de SNX27 no cérebro humano.
As doenças sanguíneas também têm sido alvo de pesquisas, pois ainda atingem um número bastante elevado de crianças de maneira geral e tende a ter um aumento na comunidade trissômica. A mais comum delas é a leucopenia (baixo número de glóbulos brancos) o que pode causar um sistema imunológico deficiente e uma maior ocorrência de infecções. Cerca de 1/3 da população com SD apresenta leucopenia, entretanto ainda não existem estudos profundos que expliquem por que. Em algumas crianças esse número melhora com o tempo, outras convivem com isso toda a vida e a única medida é fazer o controle com a ingestão de suplementos vitamínicos e esteroides para estimular a produção dos leucócitos.
Outra condição médica, cujas crianças com SD têm uma maior tendência a desenvolver, é a chamada leucemia transitória. Tem esse nome porque a leucemia é detectada em exames de sangue neonatais, mas desaparece sem tratamento em semanas ou meses. Estudos demonstram que 10% dos recém-nascidos com SD apresentam o quadro de leucemia transitória e desses o risco de desenvolver leucemia nos anos seguintes é maior, por isso o monitoramento e observações dos sintomas são muito importantes, bem como exames de sangue mais frequentes.
Na mesma tarde em que Adam nasceu recebemos a visita de uma pesquisadora do Instituo de medicinal nucelar da Universidade de Oxford (UK) que nos convidou a participar de um estudo. O objeto da pesquisa cientifica é analisar o sangue de 400 recém-nascidos com SD e monitorar o sangue desses bebês nos primeiros cinco anos de vida com o intuito de: a) identificar os que apresentam leucemia transitória; b) observar e monitorar o sangue das crianças que apresentam leucemia transitória com o objetivo de encontrar características comuns que fazem com que algumas venham a desenvolver mais tarde leucemia e outras não; c) buscar descobrir por que as crianças com SD reagem melhor a tratamentos com quimioterapia e tem um índice de cura bastante alto, com o intuito de melhorar a eficácia nos tratamentos para a população em geral. O objetivo final será encontrar um tratamento preventivo, desenvolvendo também testes que possam detectar precocemente o surgimento da leucemia a ser implantado como um exame de rotina em todas as maternidades do País. Vale salientar que as crianças que não apresentam leucemia transitória continuam sendo monitoradas nos primeiros cinco anos, com uma frequência de um exame anual, já as que demonstram esse quadro terão um acompanhamento mais frequente com o intuito de detectar uma possível alteração o mais precocemente possível.
Felizmente nosso pequeno não apresentou quadro de leucemia transitória ao nascer. Isso diminui consideravelmente os riscos de ele vir a desenvolver leucemia antes dos cinco anos, assim ele continua no programa até completar cinco anos, mas o envio de amostras de sangue é anual. Isso também nos da certa tranquilidade, pois qualquer pequena alteração sanguínea, seja qual for, será detectada precocemente.
Acredito que os estudos não param por aí e mais e mais nossos pequenos poderão disfrutar de uma vida saudável e plena como todas as pessoas que tem bons hábitos e uma alimentação saudável. Aliás, a boa alimentação ainda é a chave para uma boa saúde, não importando o número de cromossomos que a pessoa carregue.  Frutas, verduras, fibras integrais, muita água e pouca gordura e alimentos industrializados é o segredo para manter o sistema imunológico de qualquer um em alta.
E por falar em alimentação, abaixo coloco uma lista de alimentos que ajudam a manter o sistema imunológico em dia. Ela foi elaborada pela Drª. Jocelem Salgado, Profª. Titular de Vida Saudável da ESALQ/USP/Campus Piracicaba.
Os alimentos que mantém o sistema imunológico em dia
Um indivíduo bem nutrido, que se alimenta de frutas, verduras, legumes e grãos está muito mais bem preparado para enfrentar gripes, infecções e outras doenças do que um indivíduo mal nutrido, cujo cardápio é rico em alimentos gordurosos, processados e com excesso de açúcar. Isto porque as vitaminas e minerais que potencializam as nossas defesas orgânicas estão presentes em grande quantidade nas frutas, grãos e hortaliças em geral.

As principais vitaminas e minerais que atuam fortalecendo nosso sistema imunológico são as vitaminas A, C, E e ácido fólico e os minerais zinco e selênio. A seguir mostraremos quais são as principais funções imunológicas de cada um desses nutrientes e em quais alimentos são mais encontrados.
Vitamina A - Essa vitamina apresenta um papel muito importante na manutenção da integridade das membranas mucosas. Por isso, a sua deficiência no nosso organismo provoca uma redução do número de linfócitos T circulantes, aumentando a probabilidade de infecções bacterianas, virais ou parasitárias. Os alimentos considerados ricos nessa vitamina são: cenoura, abóbora, fígado, batata doce, damasco seco, brócolis, melão.

Vitamina C - Essa vitamina antioxidante estimula a resistência às infecções através da atividade imunológica de leucócitos. Ela aumenta a produção dessas células de defesa, que tem efeito direto sobre bactérias e vírus, elevando a resistência a infecções. Acerola, frutas cítricas (limão, laranja, lima), kiwi, caju, tomates e vegetais folhosos crus são fontes excelentes. Morangos, repolho e pimentão verde são boas fontes. Mas não se esqueça: a vitamina C é facilmente destruída pela luz e pelo calor. Um suco de laranja com acerolas, por exemplo, deve ser consumido imediatamente após preparo para que não haja grande perda da vitamina C.
Vitamina E - Essa vitamina tem a capacidade de interagir com as vitaminas A e C e com o mineral selênio, agindo como antioxidante. Sua função primordial é proteger as membranas celulares contra substâncias tóxicas, radiação e os temerosos radicais livres que são liberados em qualquer reação química do organismo e podem causar sérios danos às estruturas das células, detonando o processo de envelhecimento e desencadeamento de algumas formas de carcinogênese. Alimentos ricos em vitamina E são o germe de trigo (fonte mais importante), óleos de soja, arroz, algodão, milho e girassol, amêndoas, nozes, castanha do Pará, gema, vegetais folhosos e legumes.
Ácido fólico - Essa vitamina é essencial para a formação dos leucócitos (glóbulos brancos) na medula óssea. Alimentos ricos em ácido fólico são fígado, feijões e vegetais folhosos verde escuros (brócolis, couve, espinafre).
Zinco - Esse mineral atua na reparação dos tecidos e na cicatrização de ferimentos. Uma deficiência de zinco resulta em diversas doenças imunológicas; a deficiência grave causa linfopenia (grande diminuição do número de linfócitos). Fontes alimentares importantes de zinco são as carnes, peixes (incluindo ostras e crustáceos), aves e leite. Cereais integrais, feijões e nozes são também boas fontes.
Selênio - Assim como a vitamina E, esse mineral possui grande capacidade antioxidante, ou seja, neutraliza a ação dos radicais livres (formados devido à ação dos raios solares, poluição, fumaça de cigarro, entre outros) no nosso corpo, retardando o processo de envelhecimento e evitando o desencadeamento de algumas formas de câncer. Castanha do Pará, alimentos marinhos, fígado, carne e aves são os alimentos mais ricos em selênio.

Veja agora alguns dos alimentos que apresentam propriedades benéficas para seu sistema imunológico.

Iogurte e leite fermentado - Também conhecidos como probióticos eles possuem microrganismos vivos que recuperam a flora intestinal e fortalecem o sistema imunológico.


Alho - Excelente agente antibacteriano, além de possuir substâncias que previnem o câncer gástrico e doenças cardiovasculares. 
Cogumelo Shitake - Esse cogumelo possui lentinan, uma substância que aumenta a produção das células de defesa do organismo.
Acerola - Fruta riquíssima em vitamina C (30 a 50 vezes mais que a laranja). Essa vitamina age na reconstituição dos leucócitos em períodos de queda de resistência. 

Gengibre - Excelente alimento que ajuda no fortalecimento do sistema imunológico.


2 comentários:

  1. Como você bem disse no início do texto, temos mesmo muita sorte pelo acesso à informação. E olha só a gente divulgando através dos nossos blogs ainda mais estas informações, isso é incrível mesmo. Penso que quando nossos pequenos estiverem crescidos, as coisas estarão ainda melhores. O lado bom dessa aceleração dos processos culturais é a rápida evolução das coisas. Um beijo.

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